E na cozinha, que eletrodomésticos não podem faltar?
Numa cozinha profissional, não pode faltar um bom forno, como os que há hoje em dia, que fazem vapor, fazem baixas temperaturas, fazem mil e uma coisas. E não pode faltar um bom fogão. Hoje em dia, podemos desenhar fogões à medida, com equipamentos integrados específicos.
Utensílios sem os quais o chef não consegue viver?
Uma boa faca, uma boa tábua de corte e uma boa frigideira.
Em termos de materiais, como descreveria a cozinha ideal?
Eu gosto de uma mistura. De uma cozinha que as pessoas olham e quase identificam como a cozinha de uma casa de sonho. Acho que a arquitetura é muito importante, bem como o sentido estético. A iluminação é das coisas que mais valorizo, uma iluminação muito teatral. As zonas onde se trabalha devem estar muito bem iluminadas, mas depois o resto escurecido, porque dá um ambiente mais laboratorial, ao mesmo tempo que é inspiracional, assim como se fosse um sonho. No Atelier, tive vários parceiros; em casa, recentemente, pus umas bancadas da Laminam, que são antibacterianas, posso pôr os tachos em cima que não queimam, posso espremer um sumo de limão ou cortar um ananás que não vão ficar marchas na bancada... São materiais que há uns anos não existiam e que não só nos facilitam a vida, como nos dão um lado estético. Sou sempre fã de integrar este tipo de materiais nas minhas cozinhas.
"A iluminação é das coisas que mais valorizo, uma iluminação muito teatral”
Cozinhar para si é um ato único. Leva esse ato muito a sério?
Pelo contrário, não podemos levar tudo muito a sério. Acima de tudo, um ato de cozinhar tem de ser um ato de paixão. Tudo tem de ter paixão, empenho e dedicação – seja isto cozinhar para a minha filha ou no restaurante. Claro que, quando cozinho no restaurante, levo o trabalho de uma forma diferente, muito mais mecanizado, mais repetitivo, muito mais técnico, muito menos emotivo, porque estamos todos os dias a replicar as mesmas receitas para que sejam iguais para todos os clientes que nos visitam. Depois, temos o lado emocional quando criamos a receita. O processo criativo tem um lado muito mais emotivo, muito mais livre e muito mais aspiracional. Eu tenho prazer nos dois lados, porque também é muito desafiante servir, todos os dias, cerca de 300 pratos entre as 19 e as 22h30, de forma que saiam todos nos timings certos. Por isso, durante o serviço sinto-me muito mais como um maestro e, durante o processo criativo, sinto-me muito mais como um artesão.