Podes descrever-nos o teu percurso até agora? Quais as tuas principais vitórias?
Desde que comecei na competição, tentei sempre fazer o meu melhor. Não basta competir, temos de mostrar resultados de top 10 ou top 5. Em 2020, com 9 anos, fui campeão nacional no campeonato Rotax Max Challenge, por Portugal e por Espanha, e ainda fiz algumas corridas do campeonato Benelux e do campeonato italiano. No ano seguinte, com 10 anos, vivi uma época totalmente internacional. Na altura da pandemia, estive a viver em Inglaterra, cerca de dois meses, com o Oliver Rowland, piloto de Formula E e team manager da equipa em que competia, a Oliver Rowland Motorsport. No campeonato britânico, fiz muitos treinos e corridas muito duras, com muito frio e chuva. Nesse ano, ainda fiz o campeonato europeu Iame Euro Series, composto por cinco provas, em Espanha, Bélgica, Itália e França, onde fiquei em 6.º lugar na geral, entre 74 adversários. Terminei esse ano com uma prova nos Estados Unidos da América, a "corrida do ano” – a SuperNationals –, em Las Vegas. Foi muito duro. Estava muito calor e eu estava com um jetleg de nove horas. Apesar de ter terminado a corrida final em 8.º lugar, ganhei um heat de corrida e fiquei em 2.º e 3.º nos heats seguintes, entre mais de 60 pilotos. Esta foi uma época de muito trabalho, em que aprendi muito e ganhei muita experiência. No ano passado, dei um grande passo, ainda com 11 anos. Quis começar a competir com pilotos mais velhos, por isso, mudei para um chassis de adulto, com uma motorização mais potente. Iniciei a época na Categoria Júnior, no campeonato Super Karting USA Winter Series, com quatro provas em Miami, onde consegui ficar no top 10, entre mais de 50 adversários. Ainda em 2021, fiz dois campeonatos em OK Júnior, na Alemanha: o DKM Deutsch Kart Masters, onde obtive o título de Campeão Rookie e fiquei em 5.º lugar à geral; e o campeonato ADAC Kart Masters, onde também fui o melhor estreante e fiquei em 4.º lugar à geral. Também fiz a minha primeira pole position.
És o primeiro português a participar num campeonato de fórmulas (monolugares), com apenas 12 anos, quando a idade mínima é 14. Como foi que isto aconteceu? Como te sentes em relação a este ‘record’?
Sempre gostei de avançar de nível, estar com os mais velhos e experientes. Neste momento, com a minha idade, ainda podia estar a competir na categoria de kart mini. Mas, no ano passado, já quis passar para o chassis Júnior e, agora, que fiz 12 anos, surgiu este convite que faz com eu seja o mais novo de sempre a participar num campeonato de monolugares. É um ‘record’? Nem pensei nisso, mas disse logo que era uma excelente ideia. O meu pai, quando foi contactado pela equipa de Formula Aquila 1000 e pela Federação Automóvel da Suécia, disse-me que tinha de fazer testes práticos e teóricos, telemetria, mecânica e maturidade em pista. Passei a tudo. Fiquei muito feliz e, agora, vou tentar agarrar esta oportunidade, ser um ‘record’ e aprender bastante para poder seguir para outras competições de fórmula.
Qual é o teu grande sonho?
Acho que todos devemos fazer o que mais gostamos na vida e, felizmente, os meus pais acreditam em mim e estão a dar-me a oportunidade de poder ir mais longe. Ser piloto de Fórmula 1 é o meu grande sonho e gosto de pensar que pode ser possível, mesmo sendo português. Mas há muitos outros campeonatos em que posso competir, ganhar e conseguir ser um piloto profissional. Tudo a seu tempo, mas vou trabalhar para isso!
"A par das competições, o foco é a escola. Acho muito importante aprender línguas, sou bilingue em inglês e estou a aprender francês e italiano”