Porque escolheu tirar uma licenciatura em Belas-Artes?
Eu adoro beleza! Sobretudo a beleza da natureza e da cultura que me rodeou ao crescer em Bali. De facto, apercebi-me, mais tarde, que tinha confundido as Belas-Artes com artesanato e design, uma vez que a distinção é diferente tradicionalmente no Oriente e no Ocidente. Mas seja como for, estudar Belas-Artes significava aprender a desenhar, aprender a ver. E estudar História da Arte significava aprender a pensar e aprender a que as coisas fizessem sentido no contexto. Ou seja, era preciso questionar e pensar no contexto.
Porque abandonou a indústria da moda (especialmente deixar de trabalhar para a Donna Karan) para regressar a Bali e fundar o Ibuku?
À medida que fui avançando nos meus 20 anos, senti uma necessidade crescente de trabalhar para um futuro otimista e belo. Como designer, isso significava fabricar com materiais sustentáveis, algo que eu não conseguia encontrar uma maneira de fazer no mundo da moda, em que estava inserida na altura. De volta a casa, em Bali, vi que o meu pai John e a minha madrasta Cynthia Hardy, que estavam sempre a fazer grandes coisas, tinham estado a construir uma escola – a Green School. Para estar à altura do nome, escolheram o bambu, e o que me chamou a atenção foi a maravilha e o entusiasmo que senti na forma como a sua equipa tinha concebido os espaços. Depois da construção do campus, essa equipa precisava de oportunidades para continuar a conceber e construir. Embora não tivesse formação em arquitetura, construção, ou negócios, senti que tinha de encontrar uma forma de manter esse projeto a andar, bem como essa nova forma de arte. Se não encontrasse uma forma de utilizar as relações, os recursos e a rede de segurança que tinha, e dedicar as minhas competências à sustentabilidade, como poderia imaginar que qualquer outra pessoa o faria?
De onde vem esta ‘missão’ ecológica que impulsiona a Elora a trabalhar no design sustentável?
As pessoas precisam da natureza, de sentir e de se lembrarem que fazem parte dela. Se conseguirmos criar espaços em que se sintam mais como se estivessem numa floresta ou num casulo, mais do que num edifício, então conseguimos reconectar algo vital. A beleza só importa se trouxer cada momento para um futuro em que queiramos estar. Em primeiro lugar, a inspiração para as estruturas da Ibuku vem da sensação de se ser humano na paisagem, e de escutar os materiais. Os espaços da Ibuku querem ajudar-nos a sentirmo-nos abrigados dentro da natureza, e não separados dela. Porque os seres humanos precisam de abrigo, a própria arquitetura evoluiu como uma forma de nos proteger excessivamente e de nos isolar do mundo natural. Quando a nossa necessidade de abrigo é equilibrada com a experiência de estarmos imersos na natureza amigável, temos a oportunidade de sentir verdadeiramente que pertencemos ao local onde estamos.
O que significa a Ibuku para si e qual é o principal objetivo desta empresa?
Na Ibuku estamos a conceber com materiais naturais e inovadores para criar espaços que nos permitam estar mais próximos de como queremos viver no mundo. Após uma década a desenvolver um vocabulário inteiramente único para um material, o bambu, as pessoas começaram a convidar-nos a trazer a nossa forma de conceber a outros materiais, por isso, agora estamos a criar casas, campus, espaços de hospitalidade e bem-estar a nível internacional. Em cada lugar, trazemos a nossa perspetiva original para tecer uma colaboração com especialistas locais e inovadores internacionais. Estamos sempre atentos à forma como a paisagem quer descansar, ao que os materiais querem expressar e, claro, à forma como as pessoas podem ali pertencer de forma adequada. Acreditamos que podemos criar lugares onde podemos redescobrir a natureza em nós próprios, e sentir uma sensação de pertença e alegria.
"Os espaços da Ibuku querem ajudar-nos a sentirmo-nos abrigados dentro da natureza, e não separados dela”